Monoteísmo
O monoteísmo (do grego: μόνος, transl. mónos, "único", e θεός, transl. théos, "deus": único deus) é a crença na existência de apenas um só Deus.[1] Diferente do politeísmo que conceitua a natureza de vários deuses, como também diferencia-se do henoteísmo por ser este a crença preferencial em um deus reconhecido entre muitos.
A divindade, nas religiões
monoteístas, é onipotente, onisciente e onipresente, não
deixando de lado nenhum dos aspectos da vida terrena.
Definição e variedades
Monoteísmo é a crença em
um Deus
singular, em contraste com o politeísmo,
a crença em várias divindades.
Politeísmo é, no entanto, conciliável com o monoteísmo
inclusivo ou outras formas de monismo;
a distinção entre monoteísmo e politeísmo não é clara nem
objetiva.
O henoteísmo
envolve a devoção a um deus único, ao mesmo tempo em que aceita
a existência de outros deuses. Embora semelhantes, ele contrasta
drasticamente com o monoteísmo, a adoração a uma divindade única
independente dos litígios ontológicos
referentes à divindade.
O monoteísmo é
frequentemente contrastado com o dualismo
teísta (diteísmo). No entanto, nas teologias dualista, como o
Gnosticismo,
as duas divindades não são de igual valor, e o papel do demiurgo
gnóstico é mais parecido com o de Satanás
na teologia cristã do que uma diarquia
em condições de igualdade com Deus (que é representado em uma
forma panteísta, como a Pleroma).
- O deísmo postula a existência de um único deus, o criador de tudo na natureza. Alguns deístas acreditam em um deus impessoal que não intervém no mundo, enquanto outros deístas acreditam na intervenção através da Providência.
- O monismo é o tipo de monoteísmo encontrado no Hinduísmo, englobando o panteísmo e o panenteísmo, e ao mesmo tempo, o conceito de um Deus pessoal.
- O panenteísmo é uma forma de monoteísmo monista, que sustenta que Deus é todo da existência, que contém, mas não é idêntico ao, Universo. O único Deus é onipotente e onipresente, o universo é parte de Deus, e Deus é tanto imanente quanto transcendente.
- O monoteísmo substancial, encontrado em algumas religiões indígenas africanas, sustenta que os inúmeros deuses são formas diferentes de uma única substância subjacente.
- O monoteísmo trinitário é a doutrina cristã da crença em um Deus que é três diferentes pessoas; Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
Origem e desenvolvimento
A palavra monoteísmo
é derivado do grego
μόνος (monos)[2]
que significa "único" e θεός (theos)[3]
que significa "divindidade".[4]
Alguns autores como Karen
Armstrong acreditam que o conceito de
monoteísmo obteve um desenvolvimento gradual das noções de
henoteísmo
(adorar um deus único, aceitando a existência, ou possível
existência, de outras divindades) e monolatria
(o reconhecimento da existência de muitos deuses, mas com a
adoração consistente de uma única divindade). No entanto, a
incidência histórica do monoteísmo é tão rara, que é difícil
apoiar qualquer teoria da evolução natural das religiões do
politeísmo ao henoteísmo e monoteísmo.
Dois exemplos de monolatria
desenvolvidos a partir do politeísmo são o culto a Aton
no reinado do faraó
egípcio
Akhenaton,
bem como a ascensão de Marduk
da Babilônia à reivindicação da supremacia universal.
No Irã, o zoroastrismo,
Ahura
Mazda aparece como uma divindade suprema e
transcendental. Dependendo da data de Zaratustra
(normalmente por volta do início da Idade
do Ferro), este pode ser um dos primeiros
casos documentados de surgimento de uma religião
protoindo-europeia monista.
No Antigo
Oriente, cada cidade tinha uma divindade
padroeira local, tais como Shamash
em Larsa
ou Nanna
em Ur.
As primeiras alegações da supremacia global de um deus específico
data da Idade
do Bronze, com o Grande
Hino a Aton de Akhenaton
(Sigmund
Freud, em Moisés
e o Monoteísmo, especula que
esteja ligado ao judaísmo).
No entanto, a data
do Êxodo é contestada, e não é
definitivo se o evento do Êxodo bíblico ocorre antes ou depois do
reinado de Akhenaton. Além disso, não está claro até que ponto
o atonismo de Akhenaton foi monoteísta ou henoteísta, com o
próprio Akhenaton se identificando com o deus Aton.
Correntes do monismo e
monoteísmo surgiram na Índia
védica mais cedo. O Rig
Veda apresenta noções de monismo,
em particular no décimo livro, também datado da Idade do Ferro,
na Nasadiya
sukta.
O monoteísmo filosófico e o
conceito associado de bem
e mal absolutos emergiram no Zoroastrismo
e judaísmo,
mais tarde culminando nas doutrinas da cristologia
no cristianismo
primitivo e mais tarde (por volta do século
VII) na tawhid
do Islã.
Na teologia
islâmica, uma pessoa que espontaneamente
"descobre" o monoteísmo é chamado de hanif,
sendo que o Hanif
original foi Abraão.
O antropólogo e padre
austríaco Wilhelm
Schmidt, em 1910, postulou a teoria do
Urmonotheismus,
"monoteísmo primitivo" ou "original", onde a
humanidade primitiva teria sido originalmente monoteísta.
Religiões abraâmicas
A
principal fonte do monoteísmo no mundo
ocidental moderno é a narrativa da Bíblia
Hebraica, a escritura de judaísmo.[5]
Abraão
é o primeiro dos Patriarcas
bíblicos e fundador do monoteísmo dos
hebreus.[6]
As origens do judaísmo relaciona-se com a história dos reinos de
Judá e de Israel da Idade do Ferro, 1.000-586 a.C. Ambos os reinos
tinham Jeová como sua divindade (ou seja, o deus da corte real e
do reino), ao mesmo tempo em que adoravam muitos outros deuses. No
século VIII, a propaganda real dos assírios defendia o domínio
universal (o que significa o domínio sobre todos os outros deuses)
do deus assírio Ashur. Em reação a isso, certos grupos em Israel
enfatizaram o poder único de Javé como um sinal da independência
nacional. Quando Israel foi destruída pela Assíria (721 a.C.),
refugiados trouxeram a ideologia do Jeová único para Judá, onde
se tornou a ideologia do Estado durante os reinados de pelo menos
dois reis. Nesta fase (final do século VII), o culto a Jeová de
Judá não era estritamente monoteísta, mas Jeová foi reconhecido
como supremo sobre todos os outros deuses.
A próxima etapa começou com a
queda de Judá para a Babilônia, em 586 a.C., quando um pequeno
grupo de sacerdotes e escribas reunidos em torno da corte real
exilada desenvolveu a primeira ideia de Javé como único deus do
mundo. A tendência em direção ao monoteísmo foi acelerada pela
queda da Babilônia para os persas em 538, o que permitiu aos
exilados assumir o controle da nova província persa de Judá.
O cristianismo,
originalmente uma seita dentro do judaísmo, surgiu como uma
tradição religiosa distinta durante os primeiros séculos da era
moderna. Sua versão do monoteísmo foi distinta daquela do
judaísmo na medida em que ele desenvolveu o conceito de que o
único deus (não mais chamado de Jeová) tinha três "pessoas"
- a doutrina da Trindade.
O Islã surgiu no século VII d.C. como uma reação ao
cristianismo e ao judaísmo, com base em ambos, mas com uma versão
do monoteísmo baseado no do judaísmo.
Visão Bahá'í
Os Bahá'ís acreditam em um único Deus, o criador de todas as
coisas, que incluem todas as criaturas e forças do universo. A
existência de Deus é conceituada como eterna, não tendo começo
ou fim. Embora inacessível e incognoscível, Deus é tido como
consciente de Sua criação, com vontade e propósito. Os Bahá'ís
acreditam que Deus expressa Sua vontade de várias maneiras,
incluindo uma série de mensageiros divinos referidos como
Manifestantes de Deus ou algumas vezes como educadores divinos.
Essas manifestações que estabelecem religiões no mundo, são uma
forma de Deus educar a humanidade.
Os ensinamentos Bahá'ís declaram
que Deus compreende tudo, por isso não pode ser compreendido. Na
religião Bahá'í Deus é frequentemente referido por títulos,
como "Todo-Poderoso" ou "Suprema Sabedoria", e
há quantidade considerável de ênfase no monoteísmo.
A Fé
Bahá'í conceitua como caráter monoteísta
as maiores religiões independentes, determinando um padrão de
revelação continuada entre todas elas.
Visão judaica
Maimônides, o Rambam.
Nos treze
fundamentos da fé judaica, segundo Maimônides,
os quatro primeiros demonstram os pilares do monoteísmo conforme a
fé judaica. O primeiro fundamento declara a existência de Deus, o
segundo, que Deus é único e que não existe unicidade como a
d'Ele. No terceiro a incorporabilidade de Deus, isentando-o de
qualquer propriedade antropomórfica e no quarto fundamento a
eternidade de Deus.[7]
Maimônides,
em seu livro "os 613 mandamentos" ensina com relação
aos 1º e 2º mandamento, que os judeus são ordenados a crer em
Deus, ou seja, que há um agente supremo que é criador de tudo e
crer na unicidade de Deus, ou seja, que este criador de todas as
coisas é uno.[8]
O Shemá
Israel (em hebraico
שמע ישראל;
"Ouça Israel") são as duas primeiras palavras da seção
da Torá
que constitui a profissão de fé central do monoteísmo judaico
(Devarim
/ Deuteronómio
6:4-9) no qual se diz שמע
ישראל י-ה-ו-ה
אלוהינו י-ה-ו-ה
אחד (Shemá
Yisrael Adonai Elohêinu Ado-nai Echad
- Escuta ó Israel, Adonai nosso Deus
é Um).
Visão cristã
Na Bíblia,
o livro sagrado dos cristãos, encontra-se considerável número de
confirmações do monoteísmo. É usualmente atribuído a Deus
qualidades como Onipotência,
Onipresença
e Onisciência.
De acordo com a maioria dos
cristãos, a Trindade,
que consiste na crença de três aspectos de uma mesma concepção:
Cristo,
o Pai
e o Espírito
Santo - não anula o conceito monoteísta da
religião cristã.
Visão islâmica
Deus (Alá)
é considerado único e sem igual. Cada capítulo do Alcorão,
exceto dois, começa "Em nome de Deus, o beneficente, o
misericordioso". Uma das passagens do Alcorão
que é frequentemente usada para demonstrar atributos de Deus diz:
"Ele é Deus e não
há outro deus senão Ele, Que conhece o invisível e o visível.
Ele é o Clemente, o Misericordioso!
Ele é Deus e não há
outro deus senão ele. Ele é o Soberano, o Santo, a Paz, o Fiel, o
Vigilante, o Poderoso, o Forte, o Grande! Que Deus seja louvado
acima dos que os homens Lhe associam!
Ele é Deus, o Criador,
o Inovador, o Formador! Para ele os epítetos mais belos" (59,
22-24).
Visão zoroástrica
O zoroastrismo
é monoteísta, foi fundada na antiga Pérsia
pelo profeta
Zaratustra.
Muitos estudiosos[carece de
fontes]
consideram a religião
como a primeira manifestação de um monoteísmo ético;
acreditando que, da mesma forma, algumas concepções como paraíso,
ressurreição e juízo final influenciaram o judaísmo,
cristianismo,
islamismo
e outras religiões.
Religiões dármicas
Hinduísmo
Os Vedas
são os livros mais sagrados do hinduísmo. O mais antigo deles, o
Rigveda,
remonta a mais de 3000 anos atrás, e contém evidências da
emergência de um pensamento monoteísta, com conotações
panteístas[9].
Alguns ramos do hinduísmo, como o Arya
Samaj[10]
e o Brahmo
Samaj[11]são
estritamente monoteístas.
Sikhismo
O sikhismo
é essencialmente monoteísta, fundada em fins do século
XV na região atualmente dividida entre o
Paquistão
e a Índia.
Os sikhs acreditam em um Deus, Onisciente, Onipresente, Supremo
Criador.
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